A MINHA HOMENAGEM À MORDOMIA DE SANTA LUZIA

Para a mordomia dos três casais o meu abraço amigo com esta publicação no novo Blog dedicado a Caçarelhos e suas gentes.

Folar à moda de Caçarelhos
A azáfama em casa das mordomas de Santa Luzia é uma constante nos dias que antecedem a Feira do Pão e do Folar de Caçarelhos, no concelho de Vimioso. Ana Rosa Martins, Maria Torrão e Maria Augusta João juntam-se para confeccionar o pão, as doçarias e o “Rei da Páscoa”, que não pode faltar no certame.

As carnes são partidas no dia anterior. Mesmo assim, é preciso começar cedo, porque o processo de confecção do folar é moroso e todos os passos são indispensáveis em nome da qualidade e da excelência do produto.
As mordomas dividem as tarefas na cozinha improvisada onde Maria Augusta João preserva o tradicional forno a lenha, que ainda acende com alguma regularidade para fazer pão à moda antiga. É na altura da Páscoa que o forno fica mais vezes “rojo” (aquecido à temperatura adequada), para fazer fornadas de pão e folar, que são postas à venda na tradicional feira de Caçarelhos.
Enquanto Maria Augusta parte as seis dúzias de ovos que vão dar consistência à massa do folar, Ana Martins e Maria Torrão untam as formas onde vai ser colocada a massa para ir ao forno. “Este trabalho tem que se fazer antes de se começar a amassar”, realça Maria Augusta.
Depois de reunir todos os ingredientes que se vão juntar à farinha, nomeadamente os ovos, manteiga derretida, óleo, fermento e leite, Maria Augusta mete mãos à obra, para transformar tudo na massa aveludada que torna os folares mais fofos. “O segredo está na massa. Deixo-a leve para que os folares fiquem mais fofinhos”, revela a mordoma.

Carnes caseiras e massa leve contribuem para que o folar de Caçarelhos seja um produto muito procurado na feira local

Esta habitante de Caçarelhos, com 59 anos, realça que usa as técnicas que aprendeu com a mãe, ainda era criança. “Faço tudo à moda antiga. O folar fica com outro sabor”, acrescenta Maria Augusta.
Com a massa pronta, as três mordomas começam a colocar nas formas camadas de massa intercaladas com presunto, salpicão e chouriço. “O nosso folar é especial devido às carnes. É tudo caseiro. E não poupamos nas carnes”, enaltece Maria Torrão.
Os folares ficam a “dormir” (levedar) durante cerca de duas horas, antes de irem ao forno à temperatura adequada, onde demoram cerca de uma hora e meia a cozer.
“Quando os tranqueiros estão brancos, o forno está quente. Depois de uma hora e meia, os folares estão prontos a comer”, salienta Maria Augusta.
Já para confeccionar as duas fornadas de pão centeio, a mordoma foi moer a farinha ao moinho de S. Martinho de Angueira. “Agora vou peneirá-la, para depois amassar o pão”, conta esta habitante de Caçarelhos.
Durante a jornada que antecede a feira, as mordomas vão misturando expressões em mirandês com o português, ao mesmo tempo que se preocupam em manter vivas as tradições herdadas dos seus antepassados.


Por: Teresa Batista

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